Pirataria de softwares ainda é padrão para brasileiro

segunda-feira, 5 de outubro de 2009 Aurea

O ex-ministro Márcio Gonçalves, durante palestra em São Paulo O ex-ministro Márcio Gonçalves, durante palestra em São Paulo



Com preços tão altos, a compra de softwares originais não faz parte da cultura de muitos brasileiros. E é aí que entra a pirataria: muito mais baratos e fáceis de encontrar em qualquer esquina, os falsos entram nas casas de grande parte da população. Mas não é uma situação irreversível.


Mesmo com o alto índice de venda de produtos falsificados no mercado, a pirataria brasileira diminuiu. De acordo com o sexto Estudo Anual Global de Pirataria de Software, apresentado pela Associação Brasileira de Empresas de Software (ABES) e a Business Software Alliance (BSA), houve uma redução de um ponto percentual no índice brasileiro de pirataria no último ano, chegando aos 58%. No acumulado entre 2005 e 2008, o país conquistou uma diminuição de seis pontos percentuais.


O administrador de empresas Rafael Fernandes, 29, faz parte da pequena parcela de brasileiros que contribuem com a compra de produtos originais, entre eles, as músicas pela internet. “Eu gosto de prestigiar todo o trabalho envolvido na produção de um disco. Então, quando gosto de uma música, prefiro comprar.”, afirmou.


Mas mesmo assim, Fernandes ainda alerta para o valor de softwares, por exemplo. “Os preços dos produtos legais são exorbitantes, diferente do caso das músicas.”, contou. Segundo o diretor da BSA, Frank Caramuru, no Brasil há uma alta taxação de impostos sobre esse tipo de produtos. “Às vezes, os impostos chegam até a 60% dos softwares, o que diminui o interesse das pessoas em comprá-los”, disse.


No entanto, Caramuru alerta para a necessidade de tomar medidas para que haja um interesse maior das pessoas em utilizar os softwares originais. O diretor apresentou quatro atitudes que devem ser adotadas para que a pirataria seja cada vez mais controlada.


- Medidas Educativas: conscientizar os consumidores dos malefícios da pirataria e valorizar a Propriedade Intelectual.


- Medidas repressivas: encaminhar notificações para as empresas que utilizam softwares piratas e investir na fiscalização.


- Treinamento de policiais: melhorar o treinamento de policiais para reconhecer os locais suspeitos de fabricar os softwares.


- Medidas econômicas: encontrar alternativas para estreitar as diferenças de preços entre os produtos originais e piratas.


Mesmo com um custo baixo a pequeno prazo, os softwares piratas trazem grandes malefícios. Segundo Frank Caramuru, além dos vírus que podem instalar programas no computador dos usuários, o uso massivo dos falsificados deixa de gerar empregos legítimos, tanto em indústrias quanto empregos indiretos. Além disso, também há uma redução de impostos arrecadados.


Fiscalização



Em uma palestra realizada nesta quarta-feira (30), na Casa Mário de Andrade, em São Paulo, o advogado e ex-secretário executivo do Conselho Nacional de combate à pirataria e delitos contra a propriedade intelectual, do Ministério da Justiça, Marcio Gonçalves, revelou que há dificuldades de se fiscalizar as fronteiras.


Andrade exibiu números sobre fiscais aduaneiros da França, Japão e Brasil. A França, por exemplo, possui cerca de 40 fiscais para cada quilômetro de fronteira, enquanto o Japão possui 22. Já o Brasil chega a apenas 0,23 fiscal a cada quilômetro.


De acordo com o ex-secretário, hoje há um agravante ainda maior que dificulta o trabalho de policiais. “Agora a matéria prima é trazida para cá, as máquinas para a gravação de softwares e as mídias virgens chegam ao país e o trabalho é realizado dentro do Brasil”, afirmou. Dessa forma, o trabalho de repressão pode não trazer resultados. “Junto aos camelôs, a repressão é ineficaz, serve apenas para dar a mensagem, a aplicabilidade da lei”, completou.


Alternativas livres


Uma das principais alternativas para fugir da pirataria sem encarar os altos preços é a utilização de softwares livres (programas de computador que podem ser usados, copiados, estudados e redistribuídos sem nenhuma restrição).


Segundo o administrador Rafael Fernandes, esse seria um bom jeito de fugir da pirataria. “Meus PCs não são novos, foram comprados usados e já vêm com a licença original. Se não fosse esse caso eu avaliaria a possibilidade de usar Linux”, explicou o administrador.


Alguns dos programas já são bastante conhecidos e usados pelos internautas. Vale a pena conferir algumas:


Linux - Foi desenvolvido pelo finlandês Linus Torvalds. Seu código fonte está disponível sob uma licença GPL - com maior utilização por parte de projetos de software livre - para qualquer pessoa estudar, modificar e distribuir de acordo com os termos da licença. A versão Ubuntu é uma das mais conhecidas e impressiona pela qualidade.


Gimp - é um programa de código aberto voltado principalmente para criação e edição de imagens e, em menor escala também para desenho vetorial. Bom para quem não quer ou pode gastar com o Photoshop.


Audacity - é um software de edição digital de áudio, como o Sonar ou o Pro Tools - mas é gratuito, claro. O programa é bastante popular e está disponível em diversas plataformas.


OpenOffice - Com visual semelhante ao do Office 2003, da Microsoft, a suíte de escritório possui programas tão bons quanto - e o melhor, tudo gratuito e compatível com documentos e arquivos da concorrente.


VLC - É o player mais versátil do mercado, com codificadores que o fazem rodar qualquer tipo de vídeo - incluindo em HD.

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