No Brasil, tecnologia do livro eletrônico ainda não chegou para valer.
Apesar de ainda não terem se popularizado no Brasil, os leitores digitais estão ganhando cada vez mais força no mercado externo – nos Estados Unidos, inclusive, já existe até uma batalha dos chamados livros eletrônicos. Para você não ser pego de surpresa quando essa tecnologia chegar de vez por aqui, a coluna de hoje explica o que fazem esses aparelhos, suas vantagens, desvantagens, os formatos e os principais dispositivos já existentes no mercado. Confira.
O que são
Os leitores digitais são equipamentos eletrônicos com um sistema operacional básico, que permite às pessoas carregarem para todo lugar uma pequena biblioteca digital. Outra característica dessa novidade é o peso: pelo fato de o foco estar na portabilidade, esses aparelhos precisam ser bem leves.

Leitores digitais possibilitam carregar uma biblioteca dentro da bolsa. Acima, à esquerda, o equipamento da iRex. Abaixo, à esquerda, o modelo da Sony. À direita, o Kindle, da Amazon.
A tela também precisa ter uma boa definição em qualquer condição de luminosidade: seja sob sol intenso ou na penumbra de um quarto escuro. Esses equipamentos vêm com cartão de memória que podem ser trocados, e alguns modelos mais novos possuem placa de rede sem fio.
Não se pode confundir esse tipo de dispositivo com um computador portátil. Sua capacidade de processamento e memória RAM são bastante limitadas. A sua tela é projetada para gastar o mínimo possível de energia, o que não ocorre nos notebooks ou netbooks.
Todos os modelos têm telas monocromáticas, que apresentam imagens em tons de cinza. Quanto mais tons, mais nítida são as imagens. Alguns equipamentos vêm ainda com placa de rede Wi-Fi: este dispositivo ajuda na hora de baixar os e-books direto dos sites de comércio eletrônico. Também dispensa o uso de cabos na transferência de dados com o PC.
A capacidade de livros armazenados depende do aparelho: 4 GB em um modelo de leitor digital não representam a mesma quantidade de e-books em outro aparelho. Isso se deve às diferenças entre os formatos proprietários de cada modelo. Outro fator que influencia na capacidade de cada equipamento é a quantidade de ilustrações e imagens nos e-books: livros com muitas ilustrações ocupam muito mais espaço.

Característica marcante: a espessura dos aparelhos. Reader Touch Edition (acima, à esquerda), Reader Digital Book (embaixo, à esquerda) e Kindle (direita).
A Amazon é um dos poucos fabricantes que divulgam a capacidade dos equipamentos em “quantidade de livros”. Para um equipamento com 4 GB, o fabricante garante que cabem 3,5 mil livros. A iRex, fabricante do Digital Reader, diz que o equipamento suporta 1 mil documentos a cada 1 GB.
Sites como a Amazon têm milhares de títulos a venda com preços bem acessíveis, a partir de US$ 9,90. Hoje existem muitos e-books disponíveis em bibliotecas virtuais. Confira uma lista de bibliotecas no pacotão da ultima quinta.
Brasil
Hoje o Brasil não está na rota dos leitores digitais: só é possível encontrar esses aparelhos em lojas virtuais estrangeiras ou através de empresas de importação. Os aparelhos comprados fora do país, no entanto, podem ser usados livremente aqui.
Esse fato impacta na quantidade de publicações disponíveis em nosso idioma. As grandes lojas virtuais nacionais ainda não comercializam esse tipo de livro.
Vantagens
Uma grande vantagem dessa tecnologia é permitir que o usuário leve uma biblioteca para onde quiser, sem ter de carregar dezenas de livros para baixo e para cima.
Os aplicativos de leitura permitem fazer anotações e associá-las a páginas dos livros sem o ônus de rabiscos comuns em anotações nos livros de papel. Também é possível variar o tamanho e tipo de fonte dos textos, facilitando a leitura para quem tem problemas de visão.
Aspectos de hipermídia e multimídia também são relevantes. Os textos podem conter hiperlinks para outras páginas ou mesmo para conteúdos externos. As figuras presentes nos livros podem ser trocadas por animações e vídeos. Imaginem livros técnicos onde se descreve um procedimento e é possível ver, no contexto da leitura, um vídeo que ilustra um procedimento.
O preço dos livros tende a ser menor que as versões impressas, pois não há os custos de impressão e logística para colocá-los nas prateleiras. Você pode comprar o livro on-line e fazer o download direto no PC ou mesmo no leitor. Por fim, ele representa uma vantagem ao ambiente, pois não existe a necessidade de papel
Desvantagens
Apesar de economizar papel, existe o custo com a energia elétrica, pois os equipamentos precisam ser constantemente carregados e, sem baterias, não há como acessar o conteúdo dos livros.
O custo do equipamento é uma grande desvantagem, que inviabiliza a adoção deste tipo de equipamento pela grande maioria das pessoas. O tamanho da tela também pode ser um problema. Um grande dilema dos fabricantes é fazer um dispositivo extremamente portátil com a maior tela possível.
Também temos de considerar o fator segurança. Poucos terão coragem de sacar este tipo de leitor no ônibus sem ter medo de ser roubado.
Os formatos
Os livros para esses dispositivos são conhecidos como e-books. Há inúmeros formatos de arquivos que podem ser considerados e-books, sendo o PDF o principal deles. A vantagem do PDF é que qualquer tipo de dispositivo lê e é possível incluir controles de direito autoral.
Existem também outros formatos proprietários – criados pelos fabricantes – que permitem usar todos os recursos do dispositivo, como mudar o tamanho e tipo de letra e fazer anotações no arquivo.
Os dispositivos também conseguem ler arquivos em formato texto (arquivos .TXT) e documentos do Word (arquivos .DOC, RTF) e arquivos HTML, entre outras.
Direitos autorais
Assim como ocorre com os livros de papel, existem leis de direitos autorais sobre as obras publicadas no formato eletrônico. Ou seja: existem regras para copiar, repassar e até mesmo imprimir. Alguns autores não permitem a veiculação por meios eletrônicos de suas obras, enquanto outros só o fazem desta maneira.
Os principais dispositivos
Kindle

Kindle.
Dispõe de um acervo com mais de 300 mil títulos, todos à venda no site da Amazon. O aparelho já está no mercado há alguns anos. Modelos mais antigos dispunham de telas monocromáticas de seis polegadas e ainda estão à venda.
O modelo mais moderno tem memória interna de 4 GB e tela de 9,7 polegadas, monocromática, em 16 tons de cinza e resolução de 1200 x 824 pixels.
O aparelho é bem fino, tem 8,5 milímetros. Possui entrada USB e também rede Wi-Fi. Ele tem um sistema que roda a tela de acordo com a posição em que o usuário segura o aparelho. O custo gira em torno de US$ 480.
Sony PRS

Sony Reader Pocket Edition.
Os aparelhos da Sony são mais baratos que seus concorrentes da Amazon: o custo varia de US$ 200 a US$ 300. O modelo mais simples tem tela de 5 polegadas com resolução de 800 x 600 monocromática, com 8 tons de cinza. Sua memória interna é pequena, 512 MB.
O modelo mais caro tem tela sensível ao toque de seis polegadas com resolução de 800 x 600, para 8 tons de cinza. A memória também é de 512 MB, mas tem suporte a cartão de memória de até 16 GB.
Ao contrário do que acontece com o Kindle, os aparelhos da Sony tem três opções de cores e seu design é mais agradável.
Digital Reader 1000

iRex Digital Reader 1000.
Esse aparelho tem uma tela enorme perto dos citados anteriormente. São 10 polegadas monocromática, com 16 tons de cinza e resolução de 1024 x 1280. No modelo mais caro, a tela é sensível ao toque. Vem com um cartão de memória de 1 GB expansível para até 16 GB. O custo do aparelho também é bem salgado: cerca de US$ 850.
Existem outros aparelhos e protótipos, alguns como o Readius, que tem a tela dobrável.
Considerações finais
Esse cenário pode mudar, pois as diversas aplicabilidades desse tipo de dispositivo vai além dos livros. Com eles, podemos acessar conteúdos como jornais e documentos de trabalho. Processos judiciais digitalizados ficariam de fácil acesso a juízes e advogados. Integração com sistemas de certificação digital daria a esse tipo de dispositivo a possibilidade das pessoas efetivamente assinarem um documento que seria automaticamente validado pelo sistema.
E você, leitor, acha que vale a pena ter um aparelho desses? Os comentários estão abertos para receber suas opiniões e também suas dúvidas. Eu volto na quinta-feira (20/08) com um pacotão de respostas. Boa semana a todos.
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