iPhone gera novas maneiras de ganhar dinheiro

terça-feira, 9 de junho de 2009 Aurea

Muito dos criadores de programas para o celular iPhone, da Apple, já conseguem ganhar a vida decentemente, com a venda de centenas de milhares de cópias de programas destinados ao aparelho criados em seus escritórios ou garagens.

Mas agora está surgindo uma nova maneira de ganhar dinheiro com a criação de programas para o iPhone: primeiro, vender aplicativos; depois, vender a empresa que você criou para desenvolvê-los.

Desde que o número de aplicativos baixados para o iPhone por meio da App Store da Apple superou a marca de um bilhão, e diante do total de mais de 40 milhões de iPhones e de iPods Touch vendidos desde 2007, um número crescente de empresas vem considerando o setor de comunicação móvel como uma possível nova fonte de receita regular. Recentemente, a IAC/InterActiveCorp, conglomerado de mídia online fundado por Barry Diller, e a Amazon.com adquiriram empresas que desenvolvem programas para celulares. Empresas menores também começaram a montar carteiras de aplicativos mais amplas.

Depois que a Apple demonstrou que novos aplicativos ajudam a vender mais celulares, o mercado para esse tipo de software começou a se expandir rapidamente. Produtoras de celulares e software como a Palm, Research in Motion (fabricante do BlackBerry), Nokia e Microsoft estão desenvolvendo lojas online para aplicativos que funcionem nos celulares equipados com os seus sistemas operacionais. Aplicativos também podem ser desenvolvidos para os celulares equipados com o sistema operacional Google Android.

A maior parte da ação nesse segmento de mercado continua concentrada nos aplicativos para o iPhone, e é isso que faz da Worldwide Developer's Conference, o evento anual da Apple para seus programadores, que acontece esta semana em San Francisco, uma ocasião muito importante para os criadores de software e os investidores. Os programadores demonstrarão novos produtos que operam com o mais recente software da Apple, o qual permite que os usuários comprem assinaturas para aplicativos e acrescentem facilmente recursos adicionais tais como acesso a níveis mais avançados de jogos ou guias urbanos adicionais. O potencial de receita adicional deve atrair ainda mais interesse dos potenciais compradores em busca de aquisições.

"Haverá interesse muito maior pelos aplicativos para o iPhone depois que o sistema operacional do aparelho for atualizado", disse Greg Yardley, co-fundador da Pinch Media, uma empresa de análise do mercado de comunicação móvel, falando sobre o lançamento da terceira versão do sistema operacional do iPhone, que aconteceu durante a conferência. "Veremos alguns modelos de negócios realmente interessantes emergindo devido a essa nova capacidade de vender produtos virtuais".

O crescente interesse por empresas de criação de aplicativos está sendo conduzido por companhias que desejam adquirir incorporar aplicativos para celulares aos seus produtos ou serviços. Elas consideram que isso permitirá que vão além da web em seus esforços para conquistar consumidores. Ainda que muitos desses aplicativos sejam gratuitos, a disposição dos usuários a pagar US$ 1 ou mais por esses programas oferece esperança às empresas de que aplicativos para celulares possam se tornar uma de renda mais confiável que os sites de internet.

"As empresas estão se perguntando de que maneira podem se beneficiar do iPhone", disse Matt Murphy, sócio do grupo de capital para empreendimentos Kleiner Perkins Caufield & Byers, que mantém um fundo de US$ 100 milhões destinado exclusivamente a investimento em empresas iniciantes que desenvolvam aplicativos para o iPhone. "Em lugar de tentarem criar propriedades organicamente, essas empresas procuram por aplicativos já estabelecidos e selecionam aqueles que parecem se adaptar bem a elas". (A produção de um aplicativo profissional e com bom acabamento para o iPhone pode custar até US$ 50 mil.)

Com uma presença instantânea e estabelecida na plataforma iPhone, disse ele, uma empresa poderia ganhar acesso a uma base estável e leal de fãs. Para uma empresa grande que esteja tentando chegar ao mercado móvel com rapidez, "aqueles poucos milhões de usuários podem na verdade valer mais que a propriedade em si", ele disse. Foi essa a abordagem adotada pela IAC, que controla mais de 35 empresas de internet, entre as quais Ask.com, CollegeHumor e Evite. No mês passado, ela adquiriu a UrbanSpoon, uma empresa iniciante de Seattle que recomenda restaurantes locais, por quantia não revelada. Trata-se da criadora de um dos mais populares aplicativos da App Store, com quase cinco milhões de downloads.

"O iPhone tem parte importante em nossa estratégia móvel", disse Leslie Cafferty, porta-voz da IAC. "Desenvolver um aplicativo requer muito trabalho e investimento. Para nós, parecia muito mais atraente comprar um aplicativo já pronto".

A CitySearch, outra das companhias da IAC, formou uma parceria inicial com a UrbanSpoon para distribuição de publicidade de críticas gastronômicas no site da companhia iniciante. Quando o aplicativo chegou ao mercado, em julho do ano passado, foi "como a cereja no bolo", disse Cafferty.

Para os três criadores da UrbanSpoon, ser comprado por uma empresa maior foi "em parte oportunismo", diz Ethan Lowry, um dos sócios do grupo. "Isso nos permitiu pensar em serviços de escala mais ampla que poderemos oferecer", além de propiciar estabilidade, ele afirmou.

"A segurança de uma empresa de maior porte aliviou em parte o desgaste financeiro de nossa situação", disse.

A Amazon, com seu leitor eletrônico Kindle, considera os aplicativos para celulares como uma maneira de expandir o mercado dos livros eletrônicos que tem à venda. No final de abril, ela adquiriu o Stanza, um serviço de software que permite que os usuários adquiram uma biblioteca de 100 mil livros por intermédio do celular.

Mas não são apenas as grandes empresas que começam a ver como promissora a popularidade do celular Apple e a alta demanda por seus programas.

A Tapulous, uma empresa iniciante de Palo Alto, na Califórnia, adquiriu um jogo chamado Tap Tap Revenge junto ao programador que o criou, Nate True, em julho. O jogo, que tomou por modelo videogames de sucesso como Guitar Hero, que desafia os jogadores a acompanhar o ritmo de canções de sucesso, foi baixado por mais de um terço dos consumidores digitais da iTunes App Store, de acordo com o grupo de pesquisa de audiência comScore.

"Estamos muito entusiasmados com a oportunidade de encontrar colegas na conferência da Apple, e de estudar suas interessantes idéias e aplicativos no espaço dos jogos musicais", disse Andrew Lacy, vice-presidente de operações da Tapulous.

Outras empresas decidiram basear seus negócios na aquisição de programas não completamente desenvolvidos, para completá-los, alterar seu design e propiciar um bom acabamento, antes que sejam lançados na App Store. Por exemplo, a Ngmoco, uma produtora iniciante de videogames sediada em San Francisco, pretende trabalhar apenas com jogos para o iPhone e iPod Touch, e recentemente adquiriu um quebra-cabeças virtual colorido e engraçado chamado Rolando, criado pelo programador britânico Simon Oliver.

"Quando decidimos montar a nossa empresa, achamos que o melhor modelo seria contratar os melhores programadores disponíveis e ajudá-los a conduzir suas criações ao mercado", disse Neil Young, o presidente-executivo da Ngmoco. Segundo o executivo, a empresa também tem um departamento interno de criação de jogos para celulares, mas não deixa de procurar novos programadores independentes, para considerar as novidades que eles estejam planejando.

Até o momento, a abordagem adotada pela empresa parece estar funcionando e muitos dos jogos que ela adquiriu ou projetou encontram espaço nas listas de produtos mais populares da App Store. A empresa tem mais quatro jogos prontos para lançamento nos dois próximos meses, bem como 15 outros títulos em estágios variados de desenvolvimento, entre os quais diversas continuações do Rolando.

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